Este é um espaço de socialização destinado à reflexão, discussão e divulgação dos trabalhos realizados por pedagogos e psicólogos que atuam nas escolas de Santa Maria.

sexta-feira, 20 de maio de 2011





                                                                                           
O espaço e o tempo de aprender
José Pacheco-Professor Português

 "Organizamos minuciosamente a vida da escola para que desta organização decorram naturalmente o equilíbrio e a harmonia"
(Freinet)

               O derrubar das paredes libertou alunos e professores da rigidez dos espaços tradicionais e acompanhou o derrube de outros muros. Em conjunto com as alterações arquitectónicas atrás referidas, outras opções organizacionais marcaram a ruptura com o modelo tradicional de organização da escola, que considerávamos não respeitar as individualidades e não favorecer o sucesso de todos.
                Referimo-nos à organização do tempo e, concretamente, à opção pelo modelo de dia escolar integral (ausência de turnos) que evita fracturas na organização do trabalho, porque não há necessidade de partilhar o espaço com grupos diferentes e lógicas de funcionamento também diferentes.

               O dia escolar integral facilita a adopção de processos de organização e gestão participada do tempo e do espaço e a sua apropriação por parte da população escolar. todo o espaço está ao dispor de todos os alunos, ao longo de todo o tempo de funcionamento da escola, sem consideração de classe e sem consideração de anos de escolaridade. Esta opção permite uma mobilização integrada das estruturas curriculares e paracurriculares, de acompanhamento e de socialização, estimula a participaçäo na experiência pedagógica quotidiana e permite colocar igual ênfase na aprendizagem dos processos como na dos conteúdos, enquanto estratégia de aprender a aprender. 

               Referimo-nos, ainda, ao progresso dos alunos em que também se aboliu ou se atenuou os efeitos do mecanismo de aprovação/reprovação, por não se lhe encontrar o sentido numa escola em que se procura que tudo se conjugue para proporcionar uma programação flexível adequada ao progresso dos alunos ao longo do ciclo de estudos e, desde logo, uma perfeita correspondência entre progressão e progresso.

                Esta excepcional abertura das condições de organização do trabalho escolar poderia ser geradora do caos e permitiria acolher qualquer tipo de projecto. No caso desta escola, a criação de tais condições tinha, precisamente, em vista eliminar os escolhos que a organização tradicional impõe ao desenvolvimento de um projecto singular de educação, em que se procura estabelecer a coerência entre as vertentes cultural, socializadora e personalizadora da educação. É que, se a própria promoção do sucesso académico pode, por si só, igualmente constituir factor gerador de estabilidade emocional e de integração social, a atenção que se preconiza para as duas últimas vertentes implica, desde logo, que o acto educativo se direccione sobre elas mesmas e que a própria organização e vivência se constituam em factor de aprendizagem.

               A vivência na comunidade escolar tem um carácter formativo, veiculador de valores sociais e de normas por todos assumidas e elaboradas com a participação de todos.          
              Referimo-nos, também, à ausência de muros na atribuição do espaço aos alunos: ressalvados os já referidos casos específicos da iniciação e da transição,
                    Na Ponte, vive-se, cultiva-se, respira-se a delicadeza no trato, suavidade na voz, a afabilidade para com o colega, a disponibilidade, a atenção ao outro, a capacidade de expor e de se expor. A interajuda permanente acontece em todo o sistema de relações, a partir do exemplo dado pelo trabalho em equipa dos professores.

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